Ao contrário dos presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do
Equador, Evo Morales, de Cuba, Raúl Castro e do Equador, Rafael Correa, a
presidenta Dilma Rousseff ainda aguardava, mais de 15 horas após
anunciado o resultado das eleições na Venezuela, para saudar o
presidente eleito, Nicolás Maduro, pela vitória na disputa eleitoral
realizada na véspera.
Coube ao chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em um um tom mais
diplomático, reconhecer o resultado das urnas, no país vizinho.
– A Venezuela é um país membro do Mercosul. É nosso parceiro e a
expectativa não poderia deixar de ser outra, senão prosseguirmos com um
caminho de relações cada vez mais estreitas e profundas. Felicito o
presidente Maduro por sua vitória. Reafirmamos nossa posição de
seguirmos trabalhando muito estreitamente – disse Patriota, no final da
tarde, após encontro com o chanceler da Guatemala, Luis Fernando
Carrera.
Patriota segue em linha com nota expedida pela União de Nações
Sul-Americanas (Unasul), a qual apela à oposição venezuelana que
respeite o resultado das eleições. O candidato de ultradireita, Henrique
Capriles, exige a recontagem dos votos, em face do percentual obtido na
contagem final dos votos, de 49,07% contra 50,66% de Maduro.
A nota da Unasul foi redigida pela missão de observadores que
acompanhou todo o processo eleitoral no país e afirma que os resultados
das eleições devem ser respeitados, assim como a autoridade do Conselho
Nacional Eleitoral (CNE), que conduziu o processo na Venezuela. Segundo o
secretário-geral da Associação Latino-americana de Integração (Aladi) e
vice-presidente da Argentina entre 1999 e 2000, Carlos Álvarez, líder
da missão de observadores, as reclamação, e os questionamentos devem
seguir um processo jurídico legal. O CNE, por sua vez, afirma que os
“resultados eleitorais são irreversíveis”.
No Itamaraty, um vídeo gravado pelo chanceler Patriota era editado, a
poucos minutos do fim do expediente normal de trabalho, no qual ele
cumprimenta “o povo venezuelano” e ressalta “a vitória da democracia”,
ao mesmo tempo em que colocava o Brasil solidário com a Unasul.
– Mas não houve qualquer comunicação por parte do Palácio do Planalto (até às 17h04) de que a presidenta Dilma
houvesse telefonado para o candidato Maduro. Pode ser apenas uma
questão de agenda – minimiza uma fonte na diplomacia do país, ao Correio
do Brasil, em condição de anonimato.
Apesar do apelo de Capriles pela recontagem dos votos, vários presidentes latino-americanos, ao contrário de Dilma, já enviaram suas mensagens de felicitações a Maduro.
Cristina Kirchner enviou mensagem pela rede social Twitter:
“Felicitações a todo o povo da Venezuela pela exemplar jornada cívica”,
disse a presidenta argentina. Morales também enviou mensagem: “Quero
parabenizar o povo venezuelano por sua demonstração cívica e democrática
durante a jornada eleitoral, mesmo que região da América seja diferente
e distinta, essa vitória é uma vitória da América Latina”, disse.
Rafael Correa também elogiou o processo eleitoral na Venezuela.
– Do alto da região amazônica, minhas felicitações a Nicolás Maduro,
ao povo venezuelano e à Revolução Bolivariana. Viva a Pátria Grande –
disse ele, que faz uma viagem a cinco países da Europa e das Américas.
Raúl Castro classificou a vitória de Maduro de “transcedental”. Em
comunicado, ele disse que foi a vitória da Revolução Bolivariana. “(O
que) demonstra a fortaleza das ideias e da obra do comandante Hugo
Chávez”, disse. Para ele, a “decisiva vitória” assegura a “continuidade
da Revolução Bolivariana e da genuína integração da nossa América.”
O vice-presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, também
enviou mensagens a Maduro. “Felicito o presidente Nicolás Maduro e o
povo venezuelano por essa nova vitória da democracia para a América
Latina”, ressaltou.
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