sábado, 23 de julho de 2011

CASOS SURPREENDENTES

Predestinação, Livre Arbítrio, Causas e Efeitos

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Por: Erivaldo Brito

No artigo sobre a tragédia do Havana Circus, como diria os franceses, en passant, abordei um tema que pode ser considerado como premonição. Hoje, escreverei sobre predestinação, livre arbítrio e causas e efeito, para a sua reflexão.

Alguns teólogos afirmam que, todo e qualquer acontecimento é determinado por Deus, e, se caso não fosse, Deus não seria Todo Poderoso.

Na Bíblia, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo, em sua missiva dirigida aos romanos, - capítulo 8, versículos 29 e 30 -, confirma um dos fundamentos da nova doutrina: os desígnios de Deus revelados através da predestinação. A grande questão é quando evocado o Livre Arbítrio que é facultativo a nós todos, os humanos. Vamos tomar como exemplo a figura de Judas Iscariotes, que foi também escolhido pelo próprio Jesus, a fim de exercer uma função de extrema confiança, conforme registrou João no capítulo 13 versículo 29: “...pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera, compra o que precisamos para a festa, ou lhe ordenara que desse alguma cousa aos pobres”.

As narrativas de João, “o discípulo amado”, possuem a credibilidade de quem foi testemunha ocular, de quem esteve ao lado do Mestre em todos os momentos, inclusive quando TODOS os outros correram. Aos pés da cruz, juntamente com as mulheres Maria Madalena, Maria, mulher de Clopas, a mãe de Jesus, Maria, e uma tia, ouviu do Senhor Jesus em agonia: “Eis aí a tua Mãe!” Nada mais preciso dizer diante de tal responsabilidade.

Perguntas que não querem se calar: Judas teria nascido predestinado a “trair” Jesus ou para que se cumprissem as Escrituras? Por que ele foi escolhido como discípulo e exercido importante função?

Judas poderia ter exercido o livre arbítrio, ou não captou bem a mensagem do Mestre? Se Iscariotes foi destinado a fazer a “parte suja do plano divino”, como declara a Teoria Gnóstica, não foi o vil traidor estigmatizado para sempre.

Recentemente, foi descoberto um antigo pergaminho que foi intitulado como “O Evangelho de Judas”. Acredito ser um dos apócrifos, cuja autenticidade ou conveniência, a Igreja primitiva descartou mas, nem por isso devemos deixar de lado, ignorá-lo.

A Lei de Causas e Efeitos, ou Lei Cármica, ou ainda Lei de Ação e Reação é uma coisa natural como a da gravidade. Tal fenômeno consiste em retornar à pessoa, o bem ou o mal praticado a outrem.

Allan Kardeck, o codificador do doutrina espírita, fez vários comentários a respeito do assunto causas e efeito ao longo de sua vasta literatura.

Vou contar pra vocês uma história, uma história de amor. Por oportuno, em dias passados, estava no metrô, tendo ao meu lado um coroa igual a mim que, chamando-me a atenção, apontava um jovem casal trocando beijos e carícias. Segredou-me baixinho: “Que falta de respeito, ninguém mais tem vergonha na cara! “ Fui obrigado a responder-lhe o que eu penso: “ Olha meu amigo, diante da realidade dos tempos atuais, diante de tanto desamor, francamente, a gente devia aplaudir aos jovens namorados”. Nada mais foi dito nem me foi perguntado porque o meu interlocutor fechou a cara em sinal de desaprovação.

Vamos à história. Quando o menino nasceu, a sua mãe trabalhava em um armazém de beneficiamento de folhas de fumo para exportação. Apareceu o inevitável problema: com quem deixar o recém-nascido? Uma colega de trabalho “emprestou-lhe” um irmão de seus 12 anos ou mais, para cuidar do bebê. Então, quando o bebê chorava, o recurso do rapaz era dar-lhe água! O menino chorava, tome-lhe água! E o bebê não parava de chorar. Como diria o Barão de Itararé, “tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”. Então, os pedidos de “socorro” do bebê que não parava de chorar, chegaram até a um sobrado onde moravam duas irmãs de um conceituado advogado. O sobrado dava fundos para a humilde casinha onde o bebê corria perigo de vida. Voluntariamente, se ofereceram pra tomar conta do menino enquanto os pais dele trabalhavam. O menino foi ficando, ficando, vieram outros filhos, não existiam os anticonceptivos modernos.

E assim se passaram dez anos, - como diz conhecida canção -. O advogado, irmão das duas senhoras, (uma das quais o garoto passou a chamar de “mamãe”) o causídico ficou seriamente doente, vitimado por insidiosa doença, incurável à época. Como era pessoa de largos recursos pecuniários, rumou para o chamado “grande centro” a fim de, quando nada, minimizar os seus sofrimentos.

Ficando pouco em casa, tendo mesmo de se deslocar constantemente, as duas filhas menores do advogado ficavam com uma irmã mais velha, fruto do seu primeiro casamento. Ai começaram os maus tratos. As meninas reclamaram ao pai que resolveu transferi-las para o sobrado das suas irmãs.

O agora menino de 15 anos passou a conviver no mesmo teto com a graciosa menina de 12 anos, num período das chamadas “descobertas” e o inevitável acabou acontecendo: tornaram-se tudo, um do outro! A percepção de ambos é que deveriam manter em segredo o que eles faziam até de forma intuitiva.

O velho advogado veio a falecer. A mãe das garotas resolveu ir-se embora para um local bem distante. Os dois namoradinhos ficaram de repente sem ter como reagir. No dia do embarque, ele ainda conseguiu dizer para ela o seguinte: -Ainda vou me casar com você!

-Vida que segue. Após vinte e sete anos de longa e absoluta ausência, ela resolve voltar às origens. Em dessas coincidências do destino, logo ao saltar do ônibus, o alto-falante tocava um grande sucesso do momento: “Eu voltei, agora pra ficar/eu voltei, aqui é meu lugar/eu voltei pras coisas que eu deixei...”

Não havia mesmo como resistir. As lágrimas rolaram-lhe no rosto. Acabou chorando copiosamente. Restava-lhe ainda vivas, uma tia a quem o garoto chamava de “mamãe” e uma irmã de um relacionamento do seu pai quando adolescente, que com ela ficou, conforme dissemos, na ocasião da doença do seu pai.

Após rever todos os lugares em que viveu “os melhores anos da sua vida”, o velho sobrado em completa ruína, de matar as saudades em poucos dias, já havia arrumado a mala para retornar, deu-se o encontro devido a uma insistência da sua tia para que o “o irmãozinho” fosse visitá-la.

Ela já estava com a mala arrumada, como dissemos. Ela estava na casa da irmã. Ele entra, cumprimenta a empregada que estava na sala. Ela ouve a voz e treme ao deparar-se com ele. De mãos dadas, se entreolham. O que dizer nessas horas? Ela disse que, infelizmente, já estava de partida. Então do nada, ele falou de um segredo que estava guardado no recôndito do seu coração: “Você marcou a minha vida, para sempre!” Num sussurro, ela disse: “Que bom saber disso!”

Despediram-se, então, ambos com o coração partido. Como tiveram os números de telefone trocados, iniciou-se entre eles uma intensa conversação telefônica ou via telex.

A situação dele era um tanto quanto complicada, pois, estava casado, embora o desgaste do relacionamento se aprofundasse devido aos fortes rumores, envolvendo a sua esposa.

Na verdade, ele sofria com a desmoralização. Uma posição drástica deveria ser tomada por ele, então, só preocupado com o que isso pudesse influir no comportamento dos filhos. Não fôra isso, voltaria para os braços do seu antigo amor. Mas, havia chegado a hora de ser feliz. E exercendo o livre arbítrio, eles decidiram que, não recorreriam a meios subreptícios para concretizarem a união que estava predestinada. Sabiam de antemão que, dali pra frente, morando todos juntos, na mesma cidade, eles teriam a intromissão indébita de quase todo o mundo, teriam de enfrentar uma situação delicada, não esperavam, contudo, uma sociedade dinossáurica e estupidamente machista.

Certo dia, a sua própria irmã, numa conversa de “cerca lourenço”, chegou a insinuar que ela “deveria partilhar o seu homem para não ser taxada de tomadora de marido!” E acrescentou: “ A sociedade aceita tal situação”. Ela então que diziam ser “sem pudor, sem moral e desbocada”, mas isso era fruto do imaginário de pessoas maledicentes, fechando a cara inqueriu: -Isso é o que você pensa ou o que ouviu dizer? Com a voz titubeante, a irmã respondeu: - O que algumas amigas conversaram!

-Ainda bem...porque se fosse o que você pensa, eu lhe mostraria agora mesmo a porta da rua da minha casa.

A cidade estava dividida em dois grupos: os da ex-mulher e do novo relacionamento. O amor que é o fundamental na história ninguém levava em consideração, só eles dois, claro.

Enquanto moraram na cidade, a sociedade permanecia se comportando neandertalescamente. Decidiram, por fim, irem morar num conjunto de casas construídas para abrigarem os funcionários da obra em que ambos trabalhavam. Ali, finalmente, puderam encontrar a paz. Um certo dia, ele perguntou a ela: -Você está ouvindo, querida? E ela naturalmente quis saber: - Ouvindo o quê?! E ele respondeu como se poeta fosse:

-O silêncio que faz aqui ? Eu adoro!

Os dois tinham a fórmula de agirem para manterem uma relação amorosa equilibrada: confiança mútua, entrega total, e, sobretudo, modificar sempre para melhor. Entre eles não havia competitividade, estavam fortes e unidos para “combater o bom combate” caso os contrários fossem utilizar de fogo desleal, do qual, por sinal, sempre se utilizavam.

Certo dia de sol sem calor em demasia, com aquele clima ameno, ocasionado por uma brisa outonal, de repente, alguém bate à porta da casa deles, o “ninho de amor”, como eles a chamavam. Era um técnico da obra, lotado em uma das firmas do consórcio. Chegou logo dizendo que estava com “um enorme problema”: havia sido agraciado com o título honorífico de cidadania e não sabia como fazer o discurso de agradecimento. Logo ao sair, sentenciou em tom de brincadeira: “É pra ontem! “

Entregue o discurso, o homenageado exigiu a presença dos dois no evento. Eles foram, afinal, o lugar era público. Depois do encerramento da sessão, o agraciado e a sua esposa insistiram para que eles participassem de uma recepção “exclusiva para os amigos!” Não havia argumento para que não comparecessem. E rumaram todos num mesmo carro. Ao chegarem na casa, na sala de visitas, já se encontravam por lá seis casais. O cumprimento dos dois foi recebido e dado como resposta, o silêncio gelado dos hipócritas. Seguiu-se a retirada ostensiva dos casais. O fato havia sido previsto e tudo fizeram para que não ocorresse. Os donos da casa, (o homenageado e sua esposa), não conseguiam disfarçar o mal estar.

Os dois, então, sem aceitar nada, fingindo que não perceberam a grande ofensa, os dois se despediram e rumaram para o seu “ninho de amor” sem tocar no assunto. Estavam muito fragilizados para fazê-lo.

Encurtando a historia, como a lei de causa e efeito assegura, “roda falta cometida é uma dívida contraída que deverá ser paga, se não o for na mesma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes”, em um espaço de pouco tempo, os mesmos casais que os discriminaram, foram acusados de swing, naturalmente, um boato carecendo de veracidade, porém de enorme repercussão na cidade e circunvizinhança.

Esta longa história, embora possa parecer mera ficção é uma história real.



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