Surpreendentemente, sem mais nem menos apareceu no blog www.cacaunascimento.blogspot.com, que publica o Cachoeira Online, um manifesto intitulado “Por que Não Nós?”, evocando a possibilidade de dois sujeitos chamados Nelson Aragão Filho e Luiz Claudio Dias do Nascimento postularem candidatura a prefeito e vice-prefeito, respectivamente, de Cachoeira, cidade cheia de nuanças e especificidades histórica, artística e cultural assentada no centro nevrálgico do Recôncavo açucareiro baiano. Fala sério! É o que faremos agora.
Por que “Por que não nós”?
Todo mundo sabe que a expressão “O comando é nosso” é o grito de guerra do caboclo Sussuarana, que de vez em quando incorpora em Nelsinho, apelido do Dr. Nelson Aragão Filho. Mas o “Comando agora é nosso”, que tomamos emprestado de Sussuarana, tem conotação política. Profetizamos que Cachoeira está sendo invadida e correndo o perigo de a sociedade nativa se deslocar à força para a periferia da cidade e para as áreas inóspitas da zona rural para que os sobrados suntuosos da zona histórica e as terras dos grandes engenhos sejam ocupados por investidores tupiniquins e estrangeiros que chegarão a grandes levas atraídos pelo fomento turístico - náutico, étnico e (esse eu inventei) universitário - patrocinado pelo PAC das cidades históricas. Eles investirão e, ao investirem, sentir-se-ão no direito de gestar o município. Aí, Cachoeira será igualzinha a Ouro Preto, em Minas Gerais, onde todo mundo manda, todo mundo é dono de tudo, menos os ouro-pretanos.
Tomemos como exemplo a nossa vizinha São Felix. O grupo político que a separou de Cachoeira era liderado pelo alemão Gerald Dannemann. Ele, juntamente com outros europeus não portugueses ligados à indústria fumageira, mudou tudo. O nome das ruas sanfelistas homenageava filósofos alemães e ingleses (Rua Bismark, por exemplo). Quando o grupo dissolveu, com ele dissolveu o município, sobrevivendo apenas a rixa e o bairrismo com Cachoeira.
Nosso diabólico plano de gestão
Sejamos sensatos: Cachoeira não precisa de muita sofisticação administrativa. Também não é irresponsavelmente que deve ser administrada. Irresponsavelmente nos referimos a uma administração do tipo assistencialista e/ou através do apadrinhamento. Sabemos que 1/3 da população vive na condição de quase miséria e só não está na condição de miséria absoluta por causa do Programa Bolsa Família. São 10 mil almas nessa condição num universo de 30 mil habitantes, que é a população local. Dez mil pessoas representam aproximadamente a metade do eleitorado local, ou seja, dez mil miseráveis elegem o prefeito e os vereadores daqui.
Não há eficiência nas áreas de cultura e turismo. A paisagem urbana é agredida. Não há educação patrimonial. O município não dialoga com os órgãos do Estado no que diz respeito à preservação e conservação dos bens tombados e não existe política voltada para a preservação ecológica, principalmente no que diz respeito a todas as modalidades de poluição. E o pior de tudo: Cachoeira é um município violento: constata-se grande incidência de prostituição e exploração sexual a adolescentes e violência doméstica, principalmente à mulher, criança e idoso.
Acreditamos, pois, que para solucionar ou minimizar esses problemas é preciso de uma simples ação: planejamento. E para formalizar um planejamento administrativo é preciso uma gestão de excelência. Administração de excelência significa valorizar as boas cabeças nativas, mas sem permitir a formação de grupos centralizadores, que foi o grande pecado cometido pelos administradores de antanho e que permitiu e possibilitou a emergência de grupos que se apropriou do município a partir do poder econômico.
Além de um grupo de excelência, cada um dos envolvidos no processo deve ser comprometido com a lisura e respeito com a coisa pública. Quatro secretarias são suficientes: secretaria de saúde, secretaria de educação e cultura, secretaria de turismo e lazer e secretaria de administração. A secretaria de administração será aquela que reunirá em torno de si um grupo de especialistas que em uníssono com o prefeito apontará as prioridades da gestão municipal. Nela trabalharão economistas, sociólogos, pedagogos, advogados, artistas, turismólogos, quilombolas, militares, agitadores culturais, etc. Será, enfim, uma secretaria sem secretário para que a nossa gestão seja descentralizada, eficiente e científica. Assim, acreditamos, consolidaremos a abolição da escravatura em Cachoeira. É por conta disso que o comando agora é nosso.

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