Meninas sequestradas não lêem Stuart Hall nem dançam no Ilê
Fernando Conceição*
Esse francês é um dos responsáveis pela ditadura do relativismo que justifica o terror, desde que contra o “Ocidente”
O SEQUESTRO DAS CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS, por
parte de sádicos acadêmicos de má-fé, deve pagar tributo ao ato
inominável que o mundo assiste no momento: a abdução de quase 300
meninas nigerianas por covardes fanáticos que têm a sua própria e
particular interpretação do islamismo.
Gramsci, Foucault, queimem no quinto círculo de Dante!
A ditadura do relativismo cultural, resultante daquele sequestro primevo, tentará nos convencer que monstros como Abubakar Shekau,
agem em resposta à “opressão” do Ocidente. É a mesma cantilena
utilizada, de forma capciosa, em justificativa a outros atos covardes
como os ataques de 11 de setembro de 2001. Não é o que pensam meus
botões, tampouco o prêmio Nobel de literatura Wole Soyinka.
É esse tipo de cálculo oportunista que faz com que, no Brasil,
setores dos movimentos sociais, estudantis, negros, e lideranças
populistas, façam negócios e sejam complacentes com determinadas elites.
Da África e da Casa Grande, do Palácio do Planalto ao de Ondina.
Não esqueçamos, para nossa vergonha, que em 2013 o chamado “mais belo dos belos”, a ONG Ilê Aiyê, rendeu louros a um dos mais aterrorizantes regimes ditatoriais africanos, o da Guiné Equatorial. Inclusive
em atividades nababescas patrocinadas por Teodoro Nguema Obiang Mangue.
Que pousou ao lado de autoridades do governador Jaques Wagner e a
entourage montada pela diretoria do bloco “afro” do bairro da Liberdade.
Acusados de crimes contra a humanidade e lavagem de dinheiro, filho e
pai do país africano, para o qual negros brasileiros fazem festa, são
caçados pela polícia internacional.
Dirigem autocraticamente um regime sanguinário, cujo presidente Obiang,
oriundo da etnia fang, impõe seus crimes de forma cínica.
Acusam-no, inclusive, de uso do canibalismo como arma de terror contra
os adversários. Como fizeram vários outros ditadores africanos – a
exemplo de Idi Amin Dada, a quem Abdias do Nascimento, tido como ícone
do movimento negro brasileiro, uma vez se curvou.
Sem críticas, os governos brasileiros do último decênio – por interesses privados de empreiteiros poderosos aqui sediados – têm estendido o tapete para esses títeres. E no seio da Academia transformada em palanque para um suposto pensamento “progressista” que se autodenomina “de esquerda”, se corrompe um séquito de bem-intencionados aspirantes à carreira ou política ou universitária.
O silêncio aos crimes de Estado, tanto os de lá como os de aqui: esta
é a contrapartida que a sociedade brasileira paga à demagogia dos
letrados – já que não há intelectuais por essas paragens. Se o padrão da
polícia de Jacques Wagner é matar, temos as nossas fontes inspiradoras.
E ainda há os místicos e aproveitadores de uma religiosidade
encantadora de serpentes. Que pregam uma suposta “reafricanização” da
Bahia ou do Brasil. “Boasorte” Jonathan, o presidente também étnico da
endemicamente corrupta Nigéria, deve rir quando escuta algo assim.
TENHO UM AMIGO DA BAHIA, branco, que há dois anos
assumiu cátedra numa faculdade privada na Nigéria. Quando à época me deu
a notícia, temi pela vida dele. Ocorre que as vantagens materiais que
lhe ofereceram são sedutoras e incomparáveis com o que poderia estar
ganhando no Brasil.
Nigéria, esta invenção do império colonial britânico, não o seu povo mas suas elites e beneficiários, não é para iniciantes em relações de respeito aos direitos humanos. Foi o que me segredou um professor tanzaniano da Universidade de Dar-es-Salaam. Falava por ciência, já que colaborador do país da costa ocidental africana, de onde veio à força para o Brasil grande parte dos povos escravizados nas guerras dos impérios iorubanos por séculos.
Fernando Conceição é jornalista
Acesse www.fernandoconceicao.com
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