Bolsonaro e petistas disputam Comissão de Direitos Humanos da Câmara
O parlamentar de ultradireita Jair Bolsonaro, do Partido
Popular (PP-RJ), e líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) vão saber,
nesta terça-feira, quem ganhou a queda de braço pela Comissão de
Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. A grande maioria dos
debates e propostas aprovadas na Câmara acontece nos plenários das 21
comissões permanentes da Casa, que terão seus presidentes definidos nas
próximas semanas. Dentro de algumas horas, uma reunião de líderes
partidários com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, definirá
quais partidos presidirão quais comissões; o que é feito de acordo com o
tamanho da bancada de cada um.
Indignado, diante da possibilidade real de o deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ) assumir o comando da CDHM, o criador do perfil Dilma Bolada,
Jeferson Monteiro, ameaçou acabar com seu personagem caso o parlamentar
consiga seu objetivo. “Se o PT deixar Bolsonaro assumir a Presidência da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara, não apenas a Dilma Bolada acaba
como também não voto na Dilma”, escreveu em sua página no Facebook.
O Partido Progressista já manifestou a intenção de presidir a
comissão, assim como o parlamentar, conhecido por seus posicionamentos
contrários à luta pelos direitos humanos.
– Ninguém acha justo você realizar um seminário LGBT infantil para
estimular as crianças a serem homossexuais. Isso, como não houve com
Feliciano, passa ao largo. Também não haverá comigo. Também não teremos
mais emendas voltadas para passeata gay ou para confecção de kit gay. Eu
não tenho briga contra homossexual. Minha briga é contra o material
escolar. Não pode um pai de família saber que seu filho está sendo
aliciado na escola para o homossexualismo com material didático
confeccionado pelo governo – disse Bolsonaro, em recente entrevista.
Devido ao tamanho de sua bancada, o PP tem direito a presidir duas
comissões, sendo dono da 20ª escolha. Como a CDHM em geral não é das
comissões mais cobiçadas da Câmara, existe a possibilidade de ela ficar
com o partido, embora parlamentares petistas tenham declarado a
preocupação com essa hipótese. Em entrevista à revista Fórum, o deputado
Henrique Fontana (PT-RS) reafirmou que o PT quer presidir a CDHM, que
seria a segunda prioridade, atrás apenas da CCJ. O partido é o primeiro,
terceiro e nono na ordem de escolha das comissões.
Mesmo que Bolsonaro não consiga comandar a comissão, o perfil Dilma
Bolada, que tem hoje mais de um milhão de seguidores no Facebook, ainda
corre o risco de parar por conta de projetos pessoais de Monteiro e
também em função da legislação eleitoral. “Enquanto não tomo minha
decisão final se vou ou se fico ou se fico e tomamos novos rumos, a
programação segue normal”, disse o criador, na página do perfil fake da
presidenta da República.
Mesmo diante das pressões para que ele não assuma o posto já ocupado por Feliciano, Bolsonaro conta com a possibilidade de a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara “cair no colo” de seu partido.
– O PT vai ter de rebolar para tirar essa comissão de mim se ela cair no colo do PP – provoca.
Bolsonaro diz ter o amplo apoio de seu partido para indicá-lo à
presidência da comissão e o respaldo da bancada evangélica, esta
interessada em manter o domínio sobre a pauta do grupo.
– Vou compor com o Feliciano – adiantou.
Para o deputado, o controle da comissão pode dar ao PP a mesma
“visibilidade” que o PSC ganhou com a turbulenta gestão do pastor. A
cúpula do PT na Câmara chegou à conclusão de que o partido deve retomar o
controle da comissão este ano.
– Tenho uma preocupação com Direitos Humanos. Não gostaria que
acontecesse (este ano) o que aconteceu no ano passado – afirmou no
início da semana Vicentinho (SP), novo líder do partido na Casa, durante
a primeira reunião da bancada comandada por ele. Após tomar conhecimento do interesse de Bolsonaro pela comissão, a
preocupação dos petistas e dos deputados que atuam na área aumentou
mais.
– Então já atingi meu objetivo: desgastar o PT – ironizou o parlamentar do PP.
Ele admite que o foco do seu partido é conseguir o controle da
Comissão de Minas e Energia, mas acredita que há chances da sigla
presidir Direitos Humanos. Se isso acontecer, Bolsonaro diz que colocará
em discussão temas como a redução da maioridade penal e a redução da
idade para que mulheres possam se submeter à cirurgia de laqueadura.
– Vou apertar o pé no acelerador – promete.
Atualmente, a Câmara tem 21 comissões e há proposta para o
desmembramento de algumas comissões, criando espaço para dois novos
grupos de trabalho permanente. Assim, o PT poderia reivindicar o comando
de uma quarta comissão. Hoje, líderes da bancada se reuniram para
discutir os pleitos do partido e, além da CCJ e Direitos Humanos, os
petistas têm interesse nas comissões de Agricultura, Educação e
Seguridade Social e Família. A intenção do PT em retomar a Comissão de
Direitos Humanos tem o apoio do presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN).
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