Vigilante acusa Barbosa de tortura e crueldade com réus da AP 470
O deputado distrital Chico Vigilante divulgou, nesta quinta-feira,
nota de indignação contra o que chamou de “dois pesos e duas medidas” no
Supremo Tribunal Federal (STF), diante de dois casos distintos de
corrupção. O ministro Marco Aurélio Mello, na véspera, decidiu
desmembrar o processo do chamado cartel dos trens em São Paulo. Assim,
apenas réus com direito ao foro privilegiado serão julgados no Supremo
Tribunal Federal – os demais serão avaliados em primeira instância, com
oportunidade de recorrer das sentenças de primeiro e segundo graus. Na
Ação Penal 470, apenas três dos 38 réus tinham direito ao foro
privilegiado, mas todos foram julgados pelo STF, sem direito a ampla
defesa, portanto.
Segundo Vigilante, “a decisão do STF de desmembrar a ação que
investiga a formação de cartel em licitações do Metrô e da CPTM durante
governos do PSDB no Estado de São Paulo é uma prova cabal de que, no
Brasil que vivemos hoje, a Suprema Corte usa de dois pesos e duas
medidas para realizar seus julgamentos, transformando-os com o
testemunho de toda a sociedade brasileira, em decisões políticas acima
de tudo”.
“Com a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, apenas os
envolvidos na denúncia que têm direito ao chamado foro privilegiado
serão julgados pela corte suprema (quatro, de dez réus). No caso dos
outros seis réus, o processo volta para a Justiça Federal de São Paulo.
Agora sim, ao julgar o processo do cartel tucano, o STF decide cumprir o
que diz a lei. Por que não fez o mesmo quando julgou a ação penal 470 ?
Por que motivo negou a todos os advogados de defesa dos réus não
parlamentares o pedido legal e de acordo com a Constituição de que
deveriam ter o direito de ser julgados por tribunais de primeira
instância dando a eles o sagrado direito de recorrer, caso necessário,
as instancias superiores?”, questionou o parlamentar.
Para o deputado petista de Brasília, “a decisão do STF atual fará com
que, na prática, os envolvidos no esquema de propina em governos do
PSDB que não ocupam cargos políticos tenham direito a recorrer a outras
instâncias da Justiça. Por que isso foi negado por exemplo a José
Dirceu, a Delúbio Soares, a Henrique Pizzolato? Por que não se cumpriu a
Constituição, segundo a qual apenas têm foro privilegiado
parlamentares, ministros, presidente e vice? Por que naquele momento
Joaquim Barbosa e seus pares entenderam que não era um bom
momento para se cumprir a lei e agora em relação aos envolvidos do
tucanato chegou a hora de se obedecer a Constituição?”.
“No caso, apenas três de 38 réus da Ação penal 470 tinham
prerrogativa de foro especial, por serem parlamentares: os deputados
João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto
(PR-SP). Será porque a Ação Penal 470, o chamado ‘mensalão’, envolvendo
dirigentes petistas, teria mais chances de se transformar no escândalo
da década e prejudicar os governantes petistas se fosse julgado pela
corte maior do país – onde seria dada a palavra final sobre os inimigos
dos tucanos? É obvio que sim. Todos aqueles que querem ver estão
percebendo que Joaquim Barbosa está usando a toga e a exposição
que alcançou na mídia para alçar vôos maiores. E tem mostrado que sabe
ser cruel com seus inimigos”, protesta.
Tortura
No artigo, Vigilante afirma que o espanta, em Barbosa, a “capacidade demonstrada com a tortura psicológica que vem utilizando em relação a José Genoino e mais recentemente ao deputado João Paulo Cunha.
Pauta a imprensa afirmando que decretou sua prisão mas nem mesmo
expediu o mandato ao mesmo tempo que sai de férias e diz que não teve
tempo de mandar prender Roberto Jefferson. É chegado o momento dos
injustiçados da Ação penal 470 se dirigirem às cortes internacionais a
fim de reivindicarem seus direitos e desvendar ao mundo a farsa deste
julgamento. O que está em jogo neste momento não é apenas a defesa de
membros do PT, mas a garantia da democracia e do cumprimento da
Constituição brasileira”.
“Nós brasileiros, todos aqueles que enfrentamos o arbítrio dos fuzis
da ditadura em defesa deste pais, não podemos aceitar agora o arbítrio
de um juiz e de seus pares na Corte Suprema do Brasil”, afirma o
deputado.
Em linha com a afirmação de Vigilante, o STF divulgou, nesta manhã, o
entendimento dos ministros em relação ao mandado de prisão expedido
contra João Paulo Cunha. A prisão do parlamentar petista de São Paulo
não deverá acontecer até o retorno do presidente do Supremo Tribunal
Federal, Joaquim Barbosa, das férias, em fevereiro. Os ministros da
Suprema Corte entendem que, de acordo com o regimento interno, apenas o
relator do processo poderia expedir o mandado de prisão do condenado na
AP 470. Sendo assim, a presidente em exercício, Cármen Lúcia, não teria
poder na questão.
Barbosa negou os recursos apresentados pela defesa de Cunha e
encerrou a Ação Penal 470, o processo do chamado mensalão, na última
segunda-feira. Ele cumprirá pena de seis anos e quatro meses de prisão
no regime semiaberto pelos crimes de corrupção e peculato. De acordo com
o advogado do deputado, Fernando da Nóbrega, seu cliente está
“tranquilo, calmo e sereno” e decidido a cumprir a decisão da Justiça.
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