Paiva
Netto
Abuso e exploração sexual infantojuvenil. Assuntos que não podem ser ignorados. Problemas de
magnitude global que exigem alerta constante de todos nós, principalmente dos pais
e dos governos. E na semana em que se comemora o Dia Mundial da Religião, 21/1,
nada melhor que procurarmos caminhos eficientes em prol da assistência aos
pequeninos.
A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, tendo o Brasil como
sede em 2014 e 2016, respectivamente, trazem ao país um enorme fluxo de
turistas, algo providencial para a movimentação do comércio e de outros setores
de serviço. Contudo, potencializa ainda mais a vulnerabilidade de crianças e
jovens no que diz respeito à exploração sexual.
Juntamos nossos esforços aos de numerosas organizações do
Terceiro Setor e aos do próprio governo no combate a essa terrível violência.
A Boa Vontade TV (canal 20 da SKY), no programa “Sociedade
Solidária”, trouxe elucidativa entrevista com a professora Dalka Chaves de Almeida Ferrari, membro da diretoria do Instituto
Sedes Sapientiae, de São Paulo/SP, e coordenadora-geral do Centro de Referência
às Vítimas de Violência (CNRVV).
A segurança das crianças e dos jovens,
segundo a professora Dalka, carece de uma mobilização geral: “Trata-se de trabalho
contínuo que merece uma atenção constante da política pública para fazer esse
enfrentamento. E hoje são necessárias a capacitação e a sensibilização dos
hotéis, com seus gerentes e todo o corpo de trabalho, dos taxistas, do pessoal
da rodoviária, dos ônibus, dos aeroportos. Se for pensar em política, todos os ministérios
teriam que ser capacitados para fazer esse enfrentamento”.
QUEBRAR O PACTO DO SILÊNCIO
Durante sua conversa com o
sociólogo Daniel Guimarães, apresentador do “Sociedade Solidária”, a professora
Dalka Ferrari enfatizou também a imprescindível providência de proteção da
criança dos abusos sexuais nos ambientes doméstico e social: “Quebrar o pacto
do silêncio, conseguir falar desse assunto, porque ainda é muito velado, é meio
tabu dentro da sociedade. Se a gente tiver jovens esclarecidos,
conscientizados, sensibilizados sobre os cuidados que têm que ter com o próprio
corpo, os limites que são dados, eles se sentirão bem e não deixarão que esse
corpo seja invadido. Então, é quase que uma reeducação do autoconhecimento. A
pessoa tem que se conhecer, saber exatamente o que ela quer para sua vida, os
riscos que pode correr com os envolvimentos”. (...)
E prossegue, enfática: “Isso
tudo é algo que precisa ser discutido, porque se a gente não conscientizar,
desde a criança, o adolescente, o jovem até os pais, os educadores, que cuidam
dessa criança e desse adolescente todo dia, a gente não vai fazer esse problema
vir à tona. As pessoas têm vergonha de falar, não querem enfrentá-lo. E, à
medida que o jovem ficar autônomo, sabendo como se defender, ele poderá ajudar
outro jovem, poderá ser um multiplicador desses conhecimentos”.
Psicóloga, especialista em
violência doméstica, ela reforça: “Então, o objetivo maior de tudo isso é fazer
com que eles conheçam os riscos e as vantagens de receber uma Copa do Mundo,
por exemplo. Ou, dentro da família, quais são as situações perigosas em que podem
se envolver, ou em que precisam se defender. Porque é assim: a proteção dos
pais existe por um tempo, mas há uma hora que vai depender da criança e do
jovem fugirem, saírem ou pedirem ajuda por causa do risco que estão enfrentando”.
Estamos tratando de tema realmente complexo e que deve ser salientado e discutido na
mídia, em casa, nas igrejas, nas escolas, nas universidades, no trabalho, em
toda parte, de modo a ampliarmos a guarda em torno da infância e da juventude.
E tenhamos em nossas agendas o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), para fazer
denúncias, procurar ajuda.
*José de
Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

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