Décimo Sexto Capítulo
do livro Maçonaria Glebiana - Memórias do Império das Trevas
Denúncias
O mencionado “sereníssimo” fez circular uma “prancha” (= carta), integralmente fora dos padrões maçônicos, em todas as lojas da jurisdição e aos irmãos com e-mails registrados na secretaria da Gleb, com a qual buscava justificar a denúncia publicada no Jornal O Guaporé, de Porto Velho, Rondônia, sobre sua viagem ao exterior, em oito países, para sucessivas assembleias maçônicas, coincidentemente, uma após outra, com recursos dos cofres da Grande Loja. A mencionada denúncia e outras manifestações podem ser vistas na internet, no site do Jornal O Guaporé on-line, sob o título “Corrupção na maçonaria baiana inquieta maçons no Estado”.
Simulava que a denúncia havia sido feita por um irmão inconformado por ter tido seus direitos maçônicos suspensos – ele, embora, não mencionasse o meu nome, estava se referindo a mim. Razão por que, logo recebi a referida “prancha”, dirigi-lhe o texto que segue:
Senhor Itamar,
Antes de identificar ou apontar de forma dissimulada em sua "prancha" quem divulgou as denúncias com as quais os denunciados ferem frontalmente os princípios basilares da honra e da dignidade que Maçonaria Universal tanto instrui, é provar que não procedem - são falsas!
Quanto a mim, ao mensurar os danos que seu Ato inconsequente gerou em minha vida maçônica, pessoal e profissional, movi na Justiça comum Ações com que busco a restauração de meus direitos maçônicos e a reparação dos danos. Não me submeto nem me calo ante ao império do arbítrio, sobretudo quando se trata de expediente maçônico. Venha de quem vier. Tudo quanto tive de dizer e de denunciar não fiz de forma dissimulada nem irresponsável, nem "apócrifa". Tudo está acostado aos autos e com provas!
Você fechou as portas de 164 templos para um maçom em minha posição, integralmente comprometido com os parâmetros da honra e da dignidade. Saiba que inúmeros outros se abriram, em número muito superior aos que você comanda. Nada, absolutamente nada macula o meu caráter, para ter meus direitos maçônicos suspensos!
Atos dessa natureza devem ser aplicados aos adúlteros, aos pedófilos, aos que desonram os sagrados vínculos do matrimônio, aos criminosos, aos que ameaçam de morte, aos envolvidos com negócios ilícitos e da contravenção - nunca ao cidadão de bem, de reconhecido caráter, como são todos os que você ofendeu e afrontou com o seu Ato impostor, porque comparecemos a uma Sessão Pública da Grande Maçonaria Mista do Estado da Bahia, organizada e instituída por cidadãs e cidadãos exemplares, executivos, empresários, com reconhecidos serviços prestados à Maçonaria e à comunidade feirense, tudo segundo as solenidades das Leis que regem as Instituições no país, também, integralmente fiel à estrutura de regularidade da maçonaria moderna que você tacha de espúria.
Por enquanto é só!
Pedro Borges dos Anjos
Com o propósito premeditado de proceder à minha exclusão da Gleb, o “sereníssimo” Itamar Assis Santos produziu e fez a sua súdita assembleia aprovar sem ler, entre outras arbitrariedades do documento, o seguinte texto do Art. 146 do Código Maçônico da Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia “se a pena imposta for a de expulsão da Ordem, perderá o Maçom, definitivamente, seus direitos Maçônicos, não sendo possível, em nenhuma hipótese, reingresso na Maçonaria.”
Razão por que enviei ao seu sucessor, o grão mestre Jair Tércio, o seguinte texto: Que pretensão, imaginar a Gleb como a única potência maçônica do mundo! Texto incorporado ao Código da Gleb com propósitos espúrios, projetado para operação de vingança, imaginando ser a vítima súdito ignorante, sem quaisquer domínios da cidadania.
O autor equivocou-se!
O feitiço retorna com força multiplicada ao feiticeiro, e o ferirá com sucessivas maldições. (Doutrina 36/CB – Men. 30 de março de 1942, texto pneumagrafado por Ruben).
Explicação: O parágrafo final é uma referência sobre instruções pneumagrafadas da Ordem Maçônica Espiritualista e Científica do Grande Círculo Branco, em cujo segmento, o grão mestre Jair Tércio e eu também somos iniciados.
Ao receber pelo Correio, o Ato de minha exclusão da Gleb, dirigi ao seu grão mestre, a seguinte mensagem:
Sr. Jair Tércio,
Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia,
Recebi ontem a correspondência da Grande Secretaria da Gleb contendo cópia do Ato com o qual o senhor me expulsa do quadro de maçons da Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia.
Não me senti infelicitado com o seu Ato. Ele reflete algo que não anda bem aí na Gleb. Não é em mim! Ignoro as razões que levaram o senhor a tal postura. Tenho pleno domínio e ciência do meu caráter.
Sou cidadão íntegro! Irrepreensível! Não falo mentiras nem as divulgo. Bom que se diga, nunca ouvi nem li quaisquer manifestações do senhor sobre o assunto com que busca causar danos a minha vida e de minha família. É primeira correspondência que recebo sua, postura que define bem a visão do novo líder da Gleb. Para concluir este raciocínio, remeto-lhe o texto que segue, o qual sei ser do seu domínio:
“Desde que o tempo começou, lento, lento, a me decantar o espírito do sedimento das paixões, com que o verdor dos anos e o amargor das lutas o enturbavam, entrando eu a considerar com filosofia nas leis da natureza humana, fui sentindo quanto esta necessita da contradição, como a lima dos sofrimentos a melhora, a que ponto o acerbo das provações a expurga, a tempera, a nobilita, a regenera. Então vim a perceber vivamente que imensa dívida cada criatura da nossa espécie deve aos seus inimigos e desfortunas.
Por mais desagrestes que sejam os contratempos da sorte e as maldades dos homens, raro nos causam mal tamanho, que nos não façam ainda maior bem. Ai de nós, se esta purificação gradual, que nos deparam as vicissitudes cruéis da existência, não encontrasse a colaboração providencial da fortuna adversa e dos nossos desafetos. Ninguém mete em conta o serviço contínuo, de que lhes está em obrigação.
Diríeis, até que, mandando-nos amar aos nossos inimigos, em boa parte nos quis o divino legislador entremostrar o muito, de que eles nos são credores.
A caridade com os que nos malquerem, e os que nos malfazem, não é, em bem larga escala, senão pago dos benefícios, que, mal a seu grado, mas muito deveras, eles nos granjeiam.
Destarte, não equivocaremos a aparência com a realidade, se, nos dissabores que malquerentes e malfazentes nos propinam, discernirmos a quota de lucro, com que eles, não levando em tal o sentido, quase sempre nos favorecem.
Quanto é pela minha parte, o melhor do que sou, bem assim o melhor do que me acontece, freqüentemente acaba o tempo convencendo-me de que não me vem das doçuras da fortuna propícia, ou da verdadeira amizade, senão sim que o devo, principalmente, às maquinações dos malévolos e às contradições da sorte madrasta. Que seria, hoje, de mim, se o veto dos meus adversários, sistemático e pertinaz, me não houvesse poupado aos tremendos riscos dessas alturas, "alturas de Satanás", como as de que fala o Apocalipse, em que tantos se têm perdido, mas a que tantas vezes me tem tentado exalçar o voto dos meus amigos?
Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.
Não poucas vezes, pois, razão é lastimar o zelo dos amigos, e agradecer a malevolência dos opositores. Estes nos salvam, quando aqueles nos extraviam. De sorte que, no perdoar aos inimigos, muita vez não vai semente caridade cristã, senão também justiça ordinária e reconhecimento humano. E, ainda quando, aos olhos de mundo, como aos do nosso juízo descaminhado, tenham logrado a nossa desgraça, bem pode ser que, aos olhos da filosofia, aos da crença e aos da verdade suprema, não nos hajam contribuído senão para a felicidade.”
Senhor Grão Mestre, também tenho em meu poder, documentos que comprovam a fragilidade de caráter de maçons do quadro da Gleb. Mas já chega!
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