Consultor diz que abertura de novas igrejas virou
negócio visando lucro: “Tem gente que nem aparece, só contrata o pastor”
Abrir uma igreja deixou de ser uma questão vista como um trabalho
missionário e passou a ser encarada como um negócio. Se antes, igrejas
tradicionais enviavam evangelistas e pastores para iniciar uma nova
congregação num região desassistida, e que posteriormente se
transformaria numa igreja estabelecida, hoje em dia há consultores
especializados em abertura de novas denominações.
O apóstolo Gilson Henriques, líder da igreja Tabernáculo dos
Profetas, apresenta-se como consultor de abertura de novas denominações,
e diz: “Igreja não dá dinheiro”.
Com a alegada experiência de ter contribuído com a abertura de
aproximadamente 200 novas igrejas, Gilson afirma que o objetivo de seu
trabalho “é ganhar almas para o reino de Deus”.
“Para entregar tudo pronto, cobro R$ 300 por mês. É nada. Ofereço
trabalho de engenharia, advocacia e faço todo o acompanhamento. Eu
poderia ser rico, mas quando Jesus voltar, eu faço o que com essa
riqueza?”, pergunta o apóstolo à reportagem do portal iG.
Gilson demonstra ser contrário à teologia da prosperidade: “Quem está
rico não tem a fé que eu tenho em Cristo”, e alerta que existem muitas
igrejas administradas como empresas: “Tem gente que busca uma melhora de
nível financeiro, então abre o negócio, contrata pastores e nem aparece
na igreja. Só quer saber o quanto deu”.
Segundo o apóstolo-consultor, o Censo 2010 do IBGE revelou muito mais
que o crescimento do número de fiéis evangélicos, mas também
informações valiosas para o seu ramo de negócio. Aproximadamente 1
milhão de evangélicos deixam a igreja por ano. “70% dos evangélicos
estão dentro de casa por causa da inadequação das igrejas. Essa
informação do IBGE caiu como um filé mignon no prato”, afirma Gilson,
que demonstrou usar esses dados para argumentar com seus clientes.
A polêmica análise do apóstolo se estende também aos custos de
abertura de uma nova igreja: “Um salão para 100 pessoas sai em torno de
R$ 2 mil, cada cadeira custa R$ 40. 100 cadeiras, R$ 4 mil. Um aparelho
de som, R$ 10 mil. Então já são R$ 14 mil. Não consigo abrir uma empresa
hoje com menos de R$ 20 mil [...] Se for fazer um bacharelado [de
teologia], com R$ 5 mil se consegue [...] O consultor de uma igreja vai
caminhar com você, com seus problemas, com aconselhamento, treinamento.
Não é só abrir a igreja, receber o dinheiro e acabou”, ressalta o
consultor.
Dízimos
Em sua igreja, Gilson Henriques afirma que muitos fiéis colaboram de
forma disciplinada, mas ressalta que os frequentadores não são ricos:
“As pessoas que frequentam e sustentam a igreja não são ricas. Pagam
dízimos de R$ 60. São essas pessoas que mantêm essa estrutura”, afirmou.
O especialista em novas igrejas diz que uma das boas fontes de renda
dessas denominações está na oração por contratos: “Se o empresário
estiver com um problema com um contrato de R$ 5 milhões e me chamar, só
nessa paulada foi R$ 1 milhão para dentro da igreja. Mas essa igreja
talvez não receba R$ 1 milhão em seis meses de dízimo de R$ 60”,
observa, revelando que a taxa da oração pelo contrato é de 20% do valor.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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