Por Erivaldo Brito*
Cuidar
do acervo arquitetônico da cidade da Cachoeira, na Bahia, terra
empapada de história e de varões ilustres (Teixeira de Freitas, Ana
Nery, Os irmãos Rebouças...),sempre foi relegado ao completo descaso,
quer seja por parte de seus proprietários, familiares,
herdeiros,e,também, governos municipal, do estado e federal, uma vez
que o município foi considerado Patrimônio Nacional.
O
órgão federal incumbido de fiscalizar e executar intervenções
protecionistas alega a falta de recursos para fazê-lo, restringindo-se a
fazer escoramentos com caibros de fachadas totalmente destruídas.
O
quadro que se nos apresenta é desolador, perfeito para filmagens cujo
roteiro englobe destruição, guerras... Para quem teve o privilégio de
conhecer a Cachoeira há uns quarenta anos atrás...
Na realidade, minos e minas,
nós, os baianos, não possuímos a consciência preservacionista dos
mineiros, por exemplo. Comparem, mesmo em fotografias, as cidades das
Minas Gerais e vejam se não é covardia.
Alguns
companheiros do "feice", outro dia, comentaram sobre a fachada do
prédio da agência Bradesco, esquecendo-se do da Caixa Econômica Federal
que poderia ter sido bem melhor do que o que está.
Na
década de quarenta eu estava ainda um menino, mas, lembro-me da
existência do Banco de Administração que funcionava na Rua das Lojas
(Ruy Barbosa), no local onde foi (não sei se ainda é), a Funerária de
dona Nita e Francisco Elias, o Chiquinho do Caixão.
Pois bem; ao ser encampado pelo Banco da Bahia, cujo vice-presidente era o doutor Fernando Góes,
que havia sido delegado de carreira, na Cachoeira, recebeu a
doação por parte da prefeitura do terreno onde funcionava o Curral do
Conselho (foto) local destinado a colocarem-se os animais soltos na rua,
sobretudo nos dias de feira livre.
O
doutor Fernando Góes apresentou a planta que foi aprovada e elogiada
pelos cachoeiranos da época pois o terreno era baldio com muros e
portões em completa ruína.
No
dia 21 do mês passado, em São João del Rei, a doutora Dilma anunciou
que, o governo federal vai investir um bilhão e novecentos milhões em
obras de restauração do patrimônio histórico nos próximos três anos.
Então,
turma, além de uma linha de crédito para financiamentos para restauro
de imóveis particulares, a União vai disponibilizar recursos para os
prédios históricos. Claro que será necessária a elaboração de projetos
junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de
o preenchimento de um catatau de documentos exigidos pela emperrada
burocracia nacional a fim de que as obras sejam licitadas.
Se os cachoeiranos dormirem de touca, se derem uma de Zé Ruela, ficaremos de fora do aludido programa.
Vamos acordar, gente !
*Erivaldo Brito, advogado cachoeirano, atualmente residente na cidade do Rio de Janeiro/RJ
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