Ustra diz que militares lutavam pela democracia
Ele ainda citou atuação de Dilma em "grupos terroristas"
Ustra também se referiu à atuação
da presidenta Dilma Rousseff, durante a ditadura militar. “Ela integrou
quatro grupos terroristas” que teriam como objetivo final “a implantação
de uma ditadura do proletariado, o comunismo. Derrubar os militares e
implantar o comunismo. Isso consta de todas as organizações”, disse o
coronel que comandou o Destacamento de Operações de Informações do
Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo
(DOI-Codi-SP), órgão de repressão da ditadura militar, entre 1970 e
1974.
Durante a ditadura, a presidenta Dilma integrou as
organizações clandestinas Política Operária (Polop), Comando de
Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares
(VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar. Condenada por
"subversão", ela passou três anos presa no presídio Tiradentes, em São
Paulo, entre 1970 e 1972.
O coronel compareceu hoje à Comissão da
Verdade e, apesar de decisão judicial que lhe garantia o direito de não
se pronunciar durante o depoimento, Ustra falou aos membros da comissão e
negou também que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O
ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das
instalações do órgão de repressão do governo militar.
Antes do
início do depoimento, Ustra fez um pronunciamento em que reiterou que as
ações de repressão foram respostas aos atos das “organizações
terroristas [sic] que queriam implantar o comunismo no Brasil”.
Ustra
citou ações praticadas pelos grupos de esquerda contra o regime militar
“Quando fui transferido para São Paulo no início dos anos 70, os
terroristas já haviam assaltado mais de 300 bancos e carros fortes.
Tinham encaminhado mais de 300 militares para a China para treinar a
guerrilha, já haviam atacado quartéis, roubado armas e sequestrado 3
diplomatas. Em face disso foi criado o Doi-Codi. Eramos homens pronto
para o combate, cumprindo ordens”, disse acentuando que seria apenas
mais um na cadeia de comando.
Durante o seu depoimento, ao ser
indagado sobre o desaparecimento de vários militantes políticos, Ustra
negou que tenha havido qualquer morte no Doi-Codi. “No meu comando
ninguém foi morto no Doi [Codi]. Foram mortos em combate, de arma na
mão, na rua”, repetiu várias vezes.Para Cláudio Fonteles, um dos membros
da Comissão da Verdade, Ustra, ao ser confrontado com a documentação
reservada do Doi-Codi, Ustra “deu uma versão insustentável de mortes em
combate”. Documentos apresentados pela CNV apontam em 50, o número de
mortos no órgão durante o período em que foi dirigido pelo coronel.
Já
o advogado e ex-defensor de presos políticos José Carlos Dias, que
também integra a CNV, o depoimento foi emocionalmente forte e mexeu com
os presentes. “Hoje foi um dia muito penoso para mim. Eu defendi mais de
500 presos políticos e a maior parte vítimas do coronel Ustra. Defendi
pessoas que foram mortas sob as ordens dele”.
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