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segunda-feira, 15 de abril de 2013



Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade. 
A dignidade não se negocia.


Uma manhã, quando nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
- Como te chamas?
- Chamo-me Juan, senhor.
-Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o desagradável professor.
Juan estava desconcertado.
Quando deu de si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.      
Todos estávamos assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
-Agora sim! -  e perguntou o professor - para que servem as leis?...
Seguíamos  assustados porém pouco a pouco começamos a responder à sua       pergunta:
-Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
-Não! - respondia o professor.
-Para cumpri-las.
-Não!
-Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
-Não!!
-Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
-Para que haja justiça - falou timidamente uma garota.
-Até que enfim! É isso... para que haja justiça.
E agora, para que serve a justiça?
Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira.      
Porém, seguíamos respondendo:
-Para salvaguardar os direitos humanos...
-Bem, que mais? - perguntava o professor.
-Para diferençar o certo do errado... Para premiar a quem faz o bem...
-Ok, não está mal porém... respondam a esta pergunta: 
  agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?...
  Todos ficamos calados, ninguém respondia.
-Quero uma resposta decidida e unânime!
-Não!! - respondemos todos a uma só voz.
-Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
-Sim!!!
-E por que ninguém fez nada a respeito?
 Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade 
 necessária para praticá-las?

-Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça.    Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
-Vá buscar o Juan - disse, olhando-me fixamente.
 Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.
Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade. 
A dignidade não se negocia.

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