Trigo, vinho, óleo e sal na cerimônia de consagração
(não animais).
O sal também é relacionado com o sacrifício, mas possui uma variedade de significados simbólicos na Bíblia. O seu uso é determinado em Levítico 2:13.
Salgarás todas as tuas oblações…Porás, pois, sal em todas as tuas ofertas.
Cruden, na sua Concordance, interpreta o Sal, nessa passagem, como um símbolo de amizade, e na Idade Média era costume na Europa e no Oriente Próximo receber visitantes distintos em uma vila ou cidade com Pão e Sal.
Como o Sal ajuda a preservar da corrupção e é imune ao apodrecimento, ele tornou-se símbolo da incorruptibilidade. Brewer, Dict. of Phrase and Fable, chama-o de símbolo da perpetuidade e essa associação do Sal com a ideia de permanência aparece frequentemente na Bíblia:
“Esta é uma aliança de sal, que vale perpetuamente diante do Senhor…” (Números 18:19).
Rashi, um dos maiores comentaristas hebraicos, disse o seguinte dessa passagem:
“Assim como o sal nunca apodrece, a aliança de Deus…irá perdurar”.
Em um tema mais próximo à Maçonaria, “O Deus de Israel deu para sempre o reino…para Davi por uma aliança de sal” (2 Crônicas 13:5)
Aqui, mais uma vez, a ideia da permanência é enfatizada e esse é, sem dúvida, um dos principais motivos para o uso do Sal nas nossas cerimônias de consagração maçônica. Pelo que sei, o tema da preservação e permanência não costuma ser mencionado pelo Oficial Consagrador, mas em alguns dos numerosos memoriais de Consagração na nossa biblioteca, o verso cantado, antes que o Sal seja usado na cerimônia, é o seguinte:
Derramamos sal sobre nosso labor,
Divisa de Teu poder conservador,
Em Tua presença oramos, Senhor,
De nosso templo sede o protetor
Pode ser interessante reproduzir as explicações simbólicas dos elementos, como foram fornecidas na cerimônia de Consagração inglesa:
- Trigo (Ar): símbolo da Abundância
- VINHO (Água): símbolo da Felicidade e Alegria
- ÓLEO (Fogo): símbolo da Paz e Unanimidade
- SAL (Terra): símbolo da Fidelidade e Amizade
O simbolismo Maçônico para os elementos parece ter variado consideravelmente em diferentes épocas e locais. C. C. Hunt, na sua obra Masonic Symbolism (Iowa, 1939, pp. 100, 101), cita o relato de uma cerimônia de pedra fundamental na década de 1920, na qual o Grão-Mestre Provincial de Nottinghamshire oficiou, naquela ocasião, o Óleo como “emblema da caridade”, e o Sal, “emblema da hospitalidade e da amizade”. O mesmo escritor nota os poderes curativos e purificadores do Sal, citando II Reis, 2:20-21, em que Eliseu com um vaso de Sal “sanou as águas”. Outra referência similar em Êxodo, 30:35, “Farás com tudo isso um perfume…temperado com sal, puro e santo”.
O uso do Sal na Consagração de Lojas Maçônicas parece ser introdução moderna, provavelmente posterior a 1850. No fim da década de 1780, as descrições feitas por Preston das Cerimônias de Dedicação mencionam Trigo, Vinho e Óleo, mas nunca Sal. Além disso, o Irmão T. O. Haunch, Bibliotecário da Grande Loja, verificou um certo número de descrições das cerimônias Maçônicas de Consagração e Dedicação até a década de 1840. Nenhuma delas menciona o Sal, parecendo impossível dizer com certeza quando esse “elemento” foi introduzido. Incidentalmente, a cerimônia de Consagração praticada na Grande Loja da Escócia usa Trigo, Vinho e Óleo, mas não há menção ao Sal.
Autor: Emin∴ Ir∴ Wagner Veneziani Costa
Membro Efetivo do Supremo Conselho do Grau 33 para o REAA; Grão-Mestre da Grande Loja de Mestres Maçons da Marca; M.A.D.E. Grande Senescal do Grande Priorado do Brasil, ARLS Madras, N0 3359 e Sublime Imprensa Maçônica, N0 3999 - GOSP/GOB.
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